Princípio das Artes Marciais e do Karatê

Formas de autodefesa são, provavelmente, tão antigas quanto a espécie humana.
O Karate e as demais artes marciais atuais têm suas raízes mais remotas nos séculos V e VI antes de Cristo, quando se encontram os primeiros indícios de lutas na Índia. Esta luta era chamada “Vajramushti”, cuja tradução aproximada poderia ser “aquele cujo punho cerrado é inflexível”. Vajramushti foi o estilo de luta do Kshatriya, uma casta de guerreiros da Índia.
Em 520 A.D., um monge budista chamado Bodhidharma (também conhecido como “Ta Mo” em chinês ou “Daruma Taishi” em japonês), viajou da Índia para a China para ensinar Budismo no Templo Shaolin (Shorinji). A lenda conta que quando ele chegou encontrou os monges do Templo numa condição de saúde tão precária, devido às longas horas que eles passavam imóveis durante a meditação, que ele imediatamente se preocupou em melhorar a saúde deles.
O que ele ensinou foi uma combinação exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos conhecidos como “As Dezoito Mãos de Lo Han” (Lo Han foi um famoso discípulo de Buda). Esses ensinamentos foram reunidos em um só e os monges logo se descobriram capazes de se defender contra os muitos bandidos nômades que os consideravam uma presa fácil.
Os ensinamentos de Bodhidharma são reconhecidos pelos historiadores como a base de um estilo de arte marcial chamado Shaolin Kung Fu.
Diferentes estilos de Kung Fu se desenvolveram quando as personalidades e as nuanças dos monges emergiram.
Haviam dois templos Shaolin, um na província de Honan e outro em Fukien. Entre 840 e 846 A.D., ambos os templos, assim como muitos milhares de templos menores, foram saqueados e queimados. Isto foi supervisionado pelo Governo Imperial Chinês, que na época tinha uma política de perseguição e importunação sobre os Budistas. Os templos de Honan e Fukien foram mais tarde reconstruídos somente para serem destruídos por completo pelos Manchus durante a Dinastia Ming de 1368 a 1644 A.D. Somente cinco monges escaparam, todos os outros foram massacrados pelo imenso exército Manchu.
Os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos como “Os Cinco Ancestrais”. Eles vagaram por toda China, cada um ensinando sua própria forma de Kung Fu. Considera-se que este fato deu origem aos cinco estilos básicos de Kung Fu: Tigre Dragão, Leopardo, Serpente e Grou.
Como cidadãos chineses emigraram para as ilhas de Okinawa, novos sistemas se desenvolveram. O nome genérico dado às formas de luta de Okinawa foi “Te”, que significa “mão”.
Havia três principais núcleos de “Te” em Okinawa. Estes núcleos eram as cidades de Shuri, Naha e Tomari. Conseqüentemente os três estilos básicos tornaram-se conhecidos como Shuri-te, Naha-te e Tomari-te.
O primeiro deles, Shuri-te, veio a ser ensinado por Sakugawa (1733-1815), que ensinou Sokon “Bushi” Matsumura (1796-1893), e que por sua vez ensinou Anko Itosu (1813-1915). Foi Itosu o responsável pela introdução da arte nas escolas públicas de Okinawa. Shuri-te foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar Shotokan, Shito Ryu e Isshin Ryu.
Naha-te tornou-se popular devido aos esforços de Kanryo Higaonna (1853-1916). O principal professor de Higaonna foi Seisho Arakaki (1840-1920) e seu mais famoso aluno foram Chojun Miyagi (1888-1953). Miyagi também foi à China para estudar. Ele mais tarde desenvolveu o estilo conhecido hoje por Goju Ryu.
Tomari-te foi desenvolvido juntamente por Kosaku Matsumora (1829-1898) e Kosaku Oyadomari (1831-1905). Matsumora ensinou Chokki Motobu (1871-1944) e Oyadomari ensinou Chotoku Kyan (1870-1945) – dois dos mais famosos professores da época. Até então
Tomari-te era largamente ensinado e influenciou tanto Shuri-te como Naha-te.


Daruma


O monge indiano Bodhidharma foi o 28º patriarca do Budismo indiano e o fundador do Zen Budismo na China. Diz a lenda que ele passou 9 anos meditando para atingir a iluminação. Conta-se que ele ficou sentado sem se mover ou piscar os olhos. Durante o processo, Bodhidharma removeu suas pálpebras de modo que não pudesse dormir durante a meditação, e suas pernas caíram pelo desuso.
No Japão, onde é conhecido como Daruma, sua grande vontade de atingir um objetivo o tornou um símbolo ideal da realização de um desejo.
Os bonequinhos Daruma são pintados de vermelho com as características do monge. Eles são redondos, sem braços, pernas e olhos, e eles têm seu peso concentrado na base, ou seja, eles nunca caem. Dessa maneira eles são rebatidos assim que é derrubado, simbolizando nunca se render ou se desesperar quando os tempos são difíceis. Devido a esse fato, eles são conhecidos no Japão como um talismã, assegurando um sucesso eventual.
Os bonequinhos são preferidos por uma grande diversidade de pessoas, particularmente os vendedores. Os olhos de Daruma são deixados em branco. As pessoas compram e pintam um olho para desejar sucesso em uma prova ou promoção, por exemplo, e quando o desejo se concretiza eles pintam o outro olho.
O bonequinho Daruma não tem olhos por várias razões:
Primeiro Bodhidharma não usava seu olho visível para atingir a iluminação, mas o olho de sua mente.
Segundo, dizem que uma imagem de Buda adquire vida somente quando seu olho é pintado.
Finalmente, há um trocadilho no som “gan”, que significa ou requisição ou olho, dependendo do caractere usado para escrevê-lo.
Para saber qual olho se deve pintar primeiro, olhe para o Daruma e pinte o olho à sua esquerda enquanto você faz seu o pedido. Pinte o olho à sua direita quando seu desejo for realizado. Então leve-o para o templo local como uma oferta. Daruma e outros ornamentos são geralmente queimados numa fogueira no Ano Novo.